(crônica do livro papo de garotas)
Era uma noite de inverno,
fria e úmida em San Diego. Eu estava no dormitório da Universidade, com o
saco cheio de tudo! Sabe aqueles dias em que a gen¬te não agüenta mais
ficar dentro do quarto, pensando na própria vida, mas também não
consegue se concen¬trar num livro, numa revista? Pois é! Eu já tinha
estuda¬do o que tinha para estudar, feito tudo o tinha para fazer. E
agora? Pensava eu, no meu canto. Foi me dan¬do uma vontade imensa de
sair dali, de ir para a rua, ver outras caras. Simplesmente andar, olhar
ao redor e ver a vida. Queria fazer como um espectador de um filme no
cinema, que se envolve, se emociona, sente as coisas, mas na verdade não
precisa fazer nada, além de ficar ali, sentado.
Então, catei uma
jaqueta e saí do dormitório. Quan¬do cheguei lá fora, vi que estava
garoando, uma chuvinha fina, capaz de deixar qualquer um encharcado.
Andei uma quadra e resolvi pegar um ônibus. De noi¬te, os ônibus por lá
iam sempre vazios. Entrei e, quan¬do estava pagando a passagem, me dei
conta de que nem havia visto para onde ele ia. Olhei para o motoris¬ta e
perguntei para onde ele estava indo. Rindo, ele me respondeu:
"Hillcrest, garota!". Agradeci e sentei na terceira cadeira perto da
porta.
Havia apenas uns três passageiros lá no fundo e uma garota
sentada atrás do motorista, no segundo assento, quase ao meu lado. Mas
ela olhava pela janela e eu não pude ver seu rosto. Encostei minha testa
no vidro, gelado, e também fiquei observando a noite, ali, de camarote.
Hillcrest, o bairro para onde íamos, era um lugar bem movimentado,
cheio de bares, cafés e restaurantes aconchegantes. Eu já havia ido lá
uma vez e me lembrava desse lugar alegre, freqüentado por in¬telectuais e
gays.
O ônibus deu uma parada e uma senhora entrou e foi sentar lá
no fundo. Ao passar por mim, notei que a garota da outra fileira me
observava. Mas, quando olhei de volta, ela desviou o olhar. Vi eme tinha
lincios cabe¬los cacheados, castanhos escuros, num corte reto,
dei¬xando a nuca de fora. Do pedaço que pude ver do rosto, notei a pele
muito clara, os traços bonitos e so¬brancelhas bem desenhadas, realçando
os olhos.
Voltei a olhar pela janela e percebi que já estáva¬mos em
Hillcrest. As ruas não estavam tão cheias quanto no verão, mas ainda
havia muita vida por lá. O ônibus parou, a tal garota dos cabelos
cacheados se levantou e caminhou para a frente. Enquanto esperava a
porta abrir, olhou em minha direção e disse séria: "You are very
beautiful!". Ela falou com tanto gosto, como se fosse uma cantada
apaixonada, que não resisti e olhei para trás. Eu precisava ver quem era
o garoto tão boni¬to capaz de chamar tanto a atenção da menina!
Mas
não havia ninguém. Me toquei então que a cantada era para mim. Olhei
novamente para a porta, mas a garota já havia descido. E, enquanto o
ônibus partia, pude vê-la pela janela, parada na garoa, olhan¬do
fixamente em minha direção.
Alguma coisa havia acontecido naquela
noite. Uma daquelas coisas que nos envolvem, nos emocionam, nos fazem
sentir, sem a nossa participação direta, além de ficar ali sentada e
assistir! Pronto. Agora eu já podia voltar para o dormitório.
«Retalhos de uma Vida são pequenas peças de uma vida igual a tantas outras que se vão juntando de modo a dar uma forma definida a essa vida. Coisas simples e banais que se vão juntando quais retalhos, dando origem a uma vida simples e desinteressante que é a minha, qual manta de retalhos, construida de sentimentos, experiências e vivências que são cada um dos retalhos aqui expostos.»
Quem sou eu
- perfil
- ●● Vidinhα que é мinhα... Só pяo мeu consuмo! ●● Aquelα que vc fαlα mαl, pαgα-pαu e fαz iguαl Nαo importα o quє єu diigα, Vocє irα vαlorizαr pєlo quє vê, julgαr pєlo quє ouviu e opinαr pєlo quє conhєcєu (!) • Nαo sє prєoculpє com o quє єu sou .mαiis siim do quє єu sou cαpαz (666) Agora ℓєvo a vida quє sonhєi O ideal seria q todas as pessoas soubessem amar o quanto elas sabem fingir ________________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário